PRESSUPOSTOS DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Muita gente (talvez até você mesmo, aí no seu escritório) já fez um Planejamento Estratégico e depois percebeu que não funcionou. Não deu certo.

Provavelmente chegou à conclusão de que “Planejamento Estratégico não funciona mesmo” ou que “Planejamento Estratégico é coisa para grandes empresas”.

Nada disso. O mais provável é que o Planejamento tenha sido mal feito. Ou, o mais provável ainda: tenha sido feito sem considerar os importantes Pressupostos de um Planejamento Estratégico.

É disso que vamos tratar aqui:

PRESSUPOSTOS DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
(Ênio Padilha, Engenheiro Eletricista e professor)

Toda jornada tem um ponto de partida.

Com o planejamento estratégico não seria diferente.

Isto significa que, para que se possa fazer um planejamento estratégico para o escritório é necessário ter uma base. Alguns pressupostos. Alguns conhecimentos prévios.

É preciso conhecer minimamente a empresa, o ambiente em que ela atua, quem são os concorrentes, quem são os potenciais clientes e a sua posição no mercado (ou seja: quanto do caminho já foi percorrido).

Aliás (e importante) para saber quanto do caminho já foi percorrido, é necessário saber onde se quer chegar (e quando).

É preciso determinar as metas de curto, médio e longo prazo.

Metas de curto prazo são objetivos mais simples (ou urgentes) que devem ser realizados em seis meses ou um ano;

Metas de médio prazo são objetivos de média complexidade, que serão realizados entre um e três anos

Metas de longo prazo são objetivos robustos, de alta complexidade ou dificuldade e que, para serem realizados exigem muito planejamento, operações intermediárias e o concurso de parcerias.

Geralmente não são obtidas em menos de 5 anos e podem estar em horizonte de até 10 ou 15 anos.

A conquista dessas metas dependem de Planejamento.

O consultor Alberto Costa, na série ATITUDE PRO (publicada no Canal 893) nos ensina que “Planejamento existe NÃO para determinar como será o futuro e sim para nos dar a possibilidade de pensar em todas as implicações das decisões que podemos tomar”

E ele continua: “o planejamento não é feito para dar certo. Raramente teremos uma realidade que seja conforme aquilo que foi colocado num plano. Então o valor do planejamento decorre dos benefícios da atividade de planejar o futuro, de antecipar implicações e consequências das nossas decisões, de imaginar cenários”

Sendo assim (segundo Alberto Costa) o plano não é tão importante.

O mais importante é modelarmos a nossa maneira de pensar.

A visão de futuro é o destino para onde nos dirigimos.

E o trabalho de planejar é o trabalho de identificar o caminho (ou as alternativas de caminho) que temos para ir de onde estamos para o destino que nós definimos (considerando toda a conjuntura e todas as variáveis possíveis, sejam elas controláveis ou incontroláveis)

 

MISSÃO E VISÃO

Os termos MISSÃO e VISÃO de uma empresa são, certamente, algumas das coisas mais mal compreendidas do mundo dos negócios.

E isto se deve, claro, ao fato de que a gestão é um campo de conhecimento onde encontramos (infelizmente) muitos aventureiros e charlatães.

Gente que leu um ou dois artigos (ou viu dois ou três vídeos na internet) e acha que sabe o bastante para sair vendendo consultoria ou dando palestras.

Pessoas que não veem necessidade no domínio das Teorias da Administração, porque não percebem que Administração é uma Ciência Social Aplicada.

Essas pessoas acreditam mesmo que é possível administrar negócios sem estudar.

Administrar na base da tentativa e erro, como se fazia há 300 anos.

 

Vejamos: MISSÃO

Uma Missão é um encargo, uma incumbência, um propósito. É uma tarefa que uma pessoa ou um grupo de pessoas recebem. É um compromisso, um dever, uma obrigação de executar algo.

Para uma empresa, a missão é o seu propósito. É a razão de ser do próprio negócio. É a tarefa que o empresário determina a si próprio e aos seus colaboradores como ponto de partida para as suas atividades.

E é aí que os problemas começam, porque, na maioria dos casos, em negócios de qualquer tamanho, a razão de existir de uma empresa não é 100% publicável  (não porque seja condenável em si, mas porque não é bom para o marketing da empresa)

Imagina que alguém escreva o seguinte (no mural da sua empresa):

NOSSO NEGÓCIO É GANHAR DINHEIRO VENDENDO NOSSOS PRODUTOS PELO MENOR CUSTO POSSÍVEL E OBTENDO O MELHOR PREÇO QUE O CLIENTE ESTEJA DISPOSTO A PAGAR.

É um objetivo legítimo e (vamos ser sinceros) é o objetivo de quase todos nós.

Mas, dizendo assim, a empresa não será simpática com o mercado. E irá perder clientes, com certeza.

Então é preciso que a empresa encontre um propósito, digamos, menos desgastante e o mais honesto possível.

Um escritório de Engenharia pode, por exemplo, dizer que a sua missão é ENTREGAR SERVIÇOS DE ENGENHARIA DA MELHOR QUALIDADE POSSÍVEL, PARA QUALIFICAR O MERCADO E ENGRANDECER A CONSTRUÇÃO CIVIL.

É bonito.

E não deixa de ser verdade.

É o caminho que o escritório escolheu para, no fim das contas, GANHAR DINHEIRO VENDENDO SEUS PRODUTOS PELO MENOR CUSTO POSSÍVEL E OBTENDO O MELHOR PREÇO QUE OS CLIENTES ESTEJAM DISPOSTOS A PAGAR.

Então a missão de uma empresa tem a ver com o que ela se propõe a fazer para realizar a sua visão.

VISÃO é, certamente, o conceito mais mal compreendido na gestão de negócios. Na maioria dos casos, quando perguntamos para um empresário QUAL É A VISÃO DA SUA EMPRESA? temos como resposta algo como “SER RECONHECIDO COMO O MELHOR OU MAIOR FORNECEDOR DISSO OU DAQUILO NESSA OU NAQUELA REGIÃO…

Isso não é visão de mundo. Isso é visão do próprio umbigo!

Visão de uma empresa é como ela vê o mundo como consequência dos seus atos. Como ela antevê o mundo, caso ela consiga cumprir a sua missão.

Como o mundo em volta da empresa será transformado pelo propósito da empresa (e não como a empresa estará ou como será percebida).

Assim, um escritório de Arquitetura que tenha uma missão semelhante à do escritório de Engenharia citado anteriormente poderá ter uma visão mais ou menos assim:

NOSSA VISÃO É DE UM MERCADO DE ARQUITETURA MAIS ORGANIZADO, COM CLIENTES MAIS ESCLARECIDOS E FORNECEDORES MAIS CONSCIENTES E HONESTOS, PARA O BEM DA SOCIEDADE E DA NOSSA PRÓPRIA ATIVIDADE PROFISSIONAL.

Em palavras simples: A VISÃO é a descrição de como será o mundo se a empresa atingir os seus objetivos.

Mas… me lembra o Alberto Costa (que fez a gentileza de conversar comigo no processo de produção desse roteiro), “esta visão apresentada aí parece mais com uma visão da OitoNoveTrês, não de um escritório de Arquitetura”.

A visão de um escritório de Arquitetura deve seduzir os afetos dos seus clientes.

Então deve incluir a ideia de uma cidade bonita, uma residência ou um local de trabalho confortáveis, uma comunidade segura (ou qualquer outra coisa que arquitetos e seus clientes valorizem).

Segundo o Alberto Costa (e eu concordo com ele) “O ambiente de negócios
(ou seja, o mercado) não é a visão principal e estratégica de um escritório de Arquitetura.”

É a visão da 893 e do próprio Alberto consultor empresarial.

Ou seja: a visão de futuro de uma empresa deve ser centralizada no valor que ela oferecerá a seus clientes.”

Agradeço muito ao querido amigo Alberto Costa por ter me ajudado ver isso com clareza.

E espero que tenha ficado claro também pra você, arquiteto ou arquiteta. E pra você, engenheira ou engenheiro.

Finalizando, é preciso dizer que, para se chegar aos conceitos de MISSÃO e de VISÃO é preciso que a empresa tenha muito claro quais são as suas CRENÇAS, seus VALORES e
(em decorrência) seus PRINCÍPIOS.

E a gente ainda vai tratar disso (crenças, valores e princípios) em outro vídeo desta série.

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