Sim. Foi entre 1978 e 1979. É uma longa história, mas sem traumas nem arrependimentos.
Eu tinha 20 anos e era atleta na equipe de Florianópolis. O Capitão Getúlio era o responsável pela equipe de corridas da Polícia Militar de Santa Catarina e fez o convite para que eu e outros dois atletas integrássemos a equipe.
Convite aceito, passamos pela bateria de testes físicos, exames médicos e psicotécnicos e, algumas semanas depois, lá estava eu, fardado e armado!
Armado só de coragem e cassetetes, pois arma de fogo somente depois do curso se formação de soldados, que começaria em dezembro.
Antes disso teríamos uma série de corridas pelo Brasil, já defendendo a camiseta parda da PMSC.
Rio de Janeiro, São Paulo, Apucarana… a equipe agora estava fortalecida e fazendo bonito país a fora. (detalhe: foram as minhas primeiras viagens de avião na vida!)
Dezembro chegou e com ele o curso de formação de soldados, realizado no 4º Batalhão, bem no centro de Florianópolis, onde também fica a sede do Comando da Polícia Militar de Santa Catarina. O programa era puxado. Os treinos de atletismo não eram mais prioridade.
Agora os dias (e algumas noites) eram estudando leis, técnicas, práticas e macetes policiais.
Ordem Unida, aulas de tiro, manuseio e limpeza (montagem e desmontagem) de armas, reconhecimento de uniformes e insígnias… eu achei o curso muito interessante.
Havia algumas atividades extras. Uma delas foi em convênio com o SESC, um curso de guia turístico de Florianópolis. Lembro que, durante uma semana, todas as tardes, a turma subia num caminhão da PM para visitar todas as praias de ilha de Santa Catarina. Uma beleza!
Durante o Carnaval fomos destacados (já com armas, coletes e outros “aprestos policiais militares”) para dar plantão e suporte nas delegacias de polícia da capital. Vi muitas coisas naquele carnaval!
Mas chegou março, as aulas no Instituto Estadual de Educação retornaram. Eu era aluno do terceiro ano do ensino médio, me preparando para fazer o vestibular no final do ano… e foi aí que deu problema.
A aula no IEE começava 18h30. As aulas do curso de formação de soldados terminavam as 18h30. A agenda não fechava. Fui pedir para o Sargento para que eu pudesse sair 45 minutos mais cedo, para não perder as aulas no IEE. Ele não permitiu.
Recorri ao tenente responsável pela nossa turma. Pensei que, sendo ele um oficial entenderia a demanda. Que nada! Ele foi inflexível.
Nessa novela acabei perdendo umas três semanas de aula no terceiro ano. E, claro, fui ficando muito injuriado. Aí, num dia de manhã, em vez de ir para a aula do curso de formação de soldados, fui ao setor responsável e pedi a minha baixa. Sem mais…
Quando o Capitão Getúlio soube ficou emputecido. Tentou contornar a situação e me demover… mas aí eu já tinha perdido a paciência e a decisão era irreconciliável. Optei pelos estudos!
Mas, no fim das contas, a minha passagem pela Polícia Militar de Santa Catarina, apesar de curta, foi intensa e de muito aprendizado.
Aprendi a respeitar o trabalho dos Policiais e a qualidade dos seus serviços.
Aprendi muitas coisas que ainda trago comigo até hoje (como, por exemplo a linguagem de gestos em campanha).
E hoje, felizmente, tenho muitos amigos na PMSC.
Bela história!
Qualquer experiência militar, em qualquer das forças, ainda que sejam auxiliares, são de grande valia, mormente, para o jovem. Eu acredito mesmo que o profissional da engenharia elétrica que você se tornou depois, teve em algum momento aproveitado um pouco do aprendizado no curto período na PM de Santa Catarina. Grande história! Um abraço irmão!
Sensacional meu irmão !!! Tudo tem seus ensinamentos, pq para uma vida feliz precisamos estar cercados de conhecimentos.
Parabéns 👏👏
Essa experiência certamente foi mais um aspecto que ajudou a forjar seu caráter. Parabéns pela resiliência! Muitos aspectos da sua vida ( que conheço) são exemplos para todos nós ! Um grande abraço.